Por Gustavo Campos de Souza*
A Inteligência Artificial (IA) tem se consolidado como uma ferramenta inovadora, especialmente para o trabalho de recrutamento e seleção de talentos. A excelente capacidade de processar grandes volumes de dados e utilizar padrões pré-estabelecidos agiliza consideravelmente os processos, principalmente quando se trata de tarefas repetitivas e burocráticas, como, por exemplo, a triagem de currículos. A tecnologia traz um ganho significativo de eficiência e velocidade, sobretudo, para a seleção inicial em vagas que possuem um alto volume de candidatos ou que sejam de setores com alta rotatividade e que tenham perfis de menor complexidade. Ela também traz um suporte bastante interessante para cargos que já possuam critérios muito específicos de seleção.
Entretanto, é importante ponderar que a aplicação da IA não é recomendada quando se tratam de vagas com perfis mais complexos e de maior senioridade. Nestas circunstâncias, a interação humana se mantém essencial desde o começo do processo, pois, somente com a presença de um recrutador na seleção é possível compreender a complexidade das habilidades e do comportamento do candidato, permitindo avaliar ainda o seu grau de capacidade de adequação à cultura organizacional da empresa em questão. Esses aspectos são cruciais para uma contratação bem-sucedida, que apenas é possível por meio da análise durante os momentos de interação com os candidatos (dinâmicas, entrevistas, etc.), realizada por profissionais da área de Recursos Humanos.
Com isso, ao considerarmos todos estes pontos, fica muito clara a complementariedade que há entre a automatização e a humanização, sendo que o equilíbrio entre a eficiência da tecnologia e a sensibilidade humana é o que trará os maiores ganhos para este trabalho, conferindo ainda mais assertividade nos processos. Diante disto, podemos considerar que o grande segredo está na utilização da IA para otimizar as fases iniciais do trabalho de recrutamento e seleção, onde há a triagem de currículos e outras tarefas repetitivas que podem ser agilizadas, deixando para os recrutadores a execução das demais etapas, que são muito mais estratégicas, como a realização de entrevistas aprofundadas e o mapeamento das competências comportamentais.
Desta forma, a seleção de talentos se tornará ainda mais rica, aliando a eficiência da automatização com a humanização do processo, garantindo que o fator humano, com sua sensibilidade e julgamento, permaneça no centro das decisões, contribuindo para a obtenção do melhor resultado possível para as contratações nas organizações.
*Gustavo Campos de Souza é Diretor Executivo da Magna Executive Search